KPP – quebrando barreiras do estigma – P2

Celeverina Nhachumbo, 36 anos, MTS, actualmente navegadora de par na Matola C, conheceu a Fundação Ariel em 2019 quando se dirigiu a uma unidade sanitária na província de Maputo para fazer o teste do HIV. Anos depois, quando começou a trabalhar como navegadora de par para a Associação UNGAGODOLI, uma OCB focalizado nas mulheres trabalhadoras de sexo,implementadora do projecto PASSOS, Celeverina, dentro do âmbito de colaboração entre as organizações, recebeu vários treinos em tópicos relacionados ao HIV dado pela Fundação Ariel, como actual parceiro de implementação na província de Maputo. Por ser navegadora de par para população chave, Celeverina, repisou o trabalho colaborativo entre as duas organizações tanto na formação de grupos de apoio de membros de população chave a nível da sua US, bem como na sua participação activa nos encontros regulares para a discussão de aspectos relacionados à oferta de serviços às populações chaves bem como no apoio valioso no que concerne aos cruzamentos regulares de dados de forma conjunta com a Ariel de forma a assegurar a harmonização de dados de PC nas diversas fontes.
Para além disso, Celeverina, rebuscou uma história da importância desta boa ligação entre a UNGAGODOLI e a Fundação Ariel pois, quando o utente chega ao gabinete, e existem dúvidas se a pessoa é ou não população chave, chamam-me sempre: “Na semana passada, a colega da Ariel teve dificuldade em identificar um HSH. Ela chamou-me para a apoiar, eu pedi para ela sair e o paciente acabou por se abrir e dizer que era HSH. Se não houvesse essa abertura ele teria saído sem sabermos que era HSH”.
Deolinda Fumo, navegadora de par da Associação UNGAGODOLI, diz que, embora haja esta boa ligação, ainda existe muitas dificuldades em identificar a população chave, quer seja por parte dos clínicos bem como por parte dos conselheiros e que é necessário fazer-se formações constantes para melhor identificação de população chave. “Embora façamos a criação de demanda a nível das comunidades nas quais nos identificamos como população chave, e que lhes dizemos que, quando chegarem a US procurem por nós, não conseguimos chegar a todas as pessoas da população chave então é importante que os clínicos saibam identificar também” afirmou Zandamela.
Maria de Lurdes, TS, diz que, depois de saber que tem uma navegadora de par na sua unidade sanitária que atende população chave, ficou mais fácil de ir à US. “Eu vou directa à conselheira. Ela já me conhece e é tudo mais rápido. Nunca sofri estigma e nem me senti descriminada. “
Para além da UNGAGODOLI na província de Maputo, a Fundação Ariel coopera também OCB Wiwanana, a nível de Cabo Delgado e com a LAMBDA, OCB Focalizados aos Homens que fazem sexo com Homens (HSH) que está presente nasduas províncias onde a Fundação é parceira de implementação. Por causa destas sinergias, na identificação da população chave, a nível dos sites AJUDA e comunidade, desde Janeiro de 2018 até o Dezembro de 2021, a Fundação Ariel, nas duas províncias, já testou 6646 TS das quais 957 testaram positivo para o HIV e 963 iniciaram o TARV, com uma taxa de retenção dos 6 meses de 82% aos 6º meses e de 86,5% aos 12 meses.
A nível dos HSH, desde Janeiro de 2018 até o Dezembro de 2021, a Fundação Ariel, nas duas províncias, já testou 992 TS das quais 148 testaram positivo para o HIV e 220 iniciaram o TARV, com uma taxa de retenção dos 6 meses de 86,5% aos 6º meses e de 90% aos 12 meses.
No que concerne às Pessoas que injectam drogas (PID), a Fundação Ariel firmou uma parceria com a UNIDOS, Rede Nacional Sobre Drogas e HIV, em 2020, para apoiarem na criação de um ambiente favorável para população chave, neste caso específico para as PID, a nível do distrito da Matola. Ainda no projecto Esperança II, as actividades do primeiro sub-acordo com a UNIDOS baseava-se na capacitação dos redutores de danos em matérias de saúde, bem como nas buscas e reintegração dos PID no tratamento antirretroviral. Cidio Generoso, oficial de programas da UNIDOS, explicou que a UNIDOS “[trabalhou]muito com os provedores de saúde a nível das Unidades Sanitárias. A equipa clínica disponibilizava a lista e nós íamos à comunidade. Como sabemos onde é que os PID costumam estar e consumir ficava muito mais fácil encontrar os beneficiários.”